Saturday, September 26, 2015

Agora...

Eu espero ansiosa pelo canto estrondoso da Lua Cheia.
Enquanto aqui na Terra nada me preenche mais... do que as tardes
que tenho a companhia dos amigos, das tintas e das gravuras...

A Arte vem se tornando o vício que eu mais amo alimentar...
e em algum momento estarei mais cheia que a Lua de tanto
me entregar...

Estou contando vagarosamente os dias te ver...
Convidei o duende de Lorca para estar presente...
onde nossas cores, serão novas cores...
onde nosso riso, será festa nos olhos...
Dançaremos poemas, pintaremos música, gravaremos sonhos...
Rogo pela singela generosidade de nunca esquecer...
quem fomos, quem seremos neste dia...

Dizem que a vida é Agora... e falam tanto neste poder...
que eu vivo todos os Agoras... até chegar o Agora de estar com você...
Tento estar totalmente presente em cada gesto meu...
mas me bate uma saudade do que eu ainda não vivi....

Frases curtas, poemas pequenos e uma brisa de humildade, vêm me fascinando copiosamente....Mas ainda não ser fazer hai kai... não sei economizar meu vermelho...

Este terno exercício de aprender quem você é... é como arar a terra e semear todas as promessas de bem-aventurança...bendizendo a sensação de ver o rompimento da casca... dando lugar a sentimentos tão tão tão...espaçosos...a planta quando nasce, ela vai esticando seus braços... querendo abraçar o céu.... e cavando, cavando querendo se fincar na terra... então é assim que vive o meu coração...quando vai, a cada dia... tendo as lições...do seu devir...


Tuesday, September 15, 2015

Exercício

Me disseram várias vezes que eu sou radical. Talvez um modo de ser que não aceita tintas aguadas, frestas, meio termo... eu costumo usar óleo, portas escancaradas e certezas... Sim a questão é minha, a escolha é minha ... mas meu lado humano, as fragilidades que me cercam, elas odeiam quando eu tenho que andar em uma corda-bamba...é mais fácil lidar com quem a gente já sabe como é...só de conversar...você é mais complexo que um xadrez tridimensional...mais escorregadio que um peixe ensaboado, uma mescla de bêbado e equilibrista que eu não sei como agir, porque é exercício para o meu ego...que está muito longe de ser flexível...sou fixa por todos os lados...até no que me falta... embora.. a mente... ela até consiga... ver depois o que eu faço...mas a minha teimosia...é uma mula desembestada, um mito à ser desconstruído...porque para amar... talvez só cedendo, mesmo sabendo que uma espada pode alcançar e despedaçar cada parte do meu coração.. é um preço caro....quero pagar para ver...o quanto será...

Ser humana...que exercício... fazer da vida um yoga...às vezes inverter a posição... mudar a perspectiva... às vezes posar de árvore e receber os pássaros... às vezes fazer a criança e esticar o meu lúdico lado de ser...Queria fazer a cobra e ser muito criada, mas quase sempre sou malcriada... ácida e sulferina...Ah quando será que meu asana existencial será um Sol forte...diário, contemplativo, respirante...eu vivo mais Lua do que nunca...com a fome de vida de sempre...

Saturday, September 5, 2015

Certeza!

No final restarão apenas os meus ossos, completamente despidos da minha dor de existir...
Será que lamentarei pela certeza do fim, quando era um pulsar devir? Sempre me pergunto. Quero morrer um dia, aliás, já estou me decompondo como fruta que foi retirada da árvore. Dizem que a possibilidade de morrer é o que causa inveja aos deuses. Somos condenados à trajetória...
Queria ter bola de cristal para ter menos arrependimentos, mas isso significaria suportar o roubo da possibilidade de melancolia, porque dias cinzas são um regaço imprescindível. Não quero me livrar de quem eu posso ser, porque me parece que tenho tantos pedaços que se não me experimento, me reduzo.

Será que é possível, viver a experiência do estar vivo, observando e sendo protagonista de modo a nos conduzirmos ao encontro de experimentações? Ou será que apenas experimentar carece de substância? Ou ainda é apenas um exercício de tentativa de afastar o tédio daquilo que já sabemos fazer? Por que o que já conhecemos nos causa uma espécie de sensação de relaxamento, imprimindo até um tom...de algo que não se renova...? 

Eu queria aprender tudo o que eu sei de um jeito que eu não sei...e fazer isso com tudo o que eu já fiz.. Epitáfio: Sempre foi afeita a amar as impossibilidades, como se fosse a dona da alquimia elementar...Pelo menos tentou...