Monday, January 4, 2016

Germaine Dulac



Nascida em Amiens, em 17 de Novembro de 1882, Germaine Dulac foi uma crítica e diretora de cinema francesa dos anos 20, na denominada Escola Impressionista.

Militante feminista desde a sua juventude, Dulac nos regalou com uma  inesquecível e importante contribuição para a história do cinema, depois de Alice Guy, ela era a segunda maior diretora de cinema francês, com a sua imensa criatividade, com a intensidade com que ela viveu seus experimentos - que deram uns 700 curta metragens-  principalmente seu domínio sobre a linguagem do cinema , sua percepção tão profunda e capaz de desnudar na tela as emoções e aspectos da psiquê humana.

Ela escreveu vários artigos sobre cinema, mostrando sua visão vanguardista e também deixou sua marca na história do cinema, não só como diretora, roteirista, produtora, mas também por ter sido uma teórica do cinema.

Sua ideia de cinema avança inclusive no sentido da educação, de ser um meio para ampliar a perspectiva sobre as diferentes culturas e modos de ser de outros países.

O cinema para ela deve ser convertido em uma experiência individual, permitindo que todos possam experimentar sensações até então desconhecidas. Uma espécie de verdade sobre a vida que não pode ser obtida em livros, guias e jornais.

Ela capturou em seus filmes sonhos que enchem os imaginários, os movimentos do espírito, as coisas que nos escapam quando estamos conscientes, colocando a luz e a câmera, reproduzindo a vida em sua totalidade.



Refletiu no cinema a questão da alteridade, mergulhou na humanidade oculta, rompendo com as narrações tradicionais, saindo dos aspectos óbvios e descortinando com  as suas representações subjetivas e simbolismos como em  La Coquille et le Clergyman ( 1928), que excedem em linhas de tempo e espaço.




A cena inicial de abertura mostra o rito de passagem da câmara que  gradualmente invade e penetra o clérigo inconsciente, que administra a concha como a descoberta do erotismo, sua pulsão de vida, povoada por intensos desejos.

O feminino que está oculto, é o que se evidencia no filme,  mostrando o  clérigo por trás da máscara, tentando, visceral  e repetidamente em movimentos contínuos, expressando que ele nunca estava satisfeito e que não havia limites para o desejo.

O clérigo faz uma alquimia com seus recipientes, seus vazios, assim que obcecado com o seu interno, que eles recebem o emocional da concha, para depois partir  em pedaços, como maneire de querer transformar ou sublimar seus desejos secretos.

Entra a lei, a regra geral, a ordem, talvez culpa e ele toma o objeto que significa abstrair-se, para assumir a parte de sua vida real. Contudo, por mais que vista a sua batina, faça suas orações, cumpra as suas obrigações em suas rotinas da paróquia, tenha sua crença e temor à Deus ...

A mulher, a menina que sempre confessa, o feminino que explode diante de seus olhos que irá lembrá-lo dos sentimentos que ele tem e quem ele é quando os tem, porque simboliza paixão, sem os enquadramentos, sem os limites impostos com sonhos e a sensação de estar mais vivo.

Germaine Dulac morreu em Paris, em 1942 e nos deixou inúmeros trabalhos para pensar o feminismo no cinema.

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